Informações sobre os ataques à Líbia

24/03/2011 - Thiago Bittencourt

Recentemente mostramos detalhes do que estava acontecendo na Líbia, que o país estava isolado do mundo exterior e as forças de Kadafi cada vez mais avançavam em direção às cidades ocupadas pelos movimentos armados de oposição. Com a persistência de Kadafi em permanecer no poder, a Organização das Nações Unidas (no caso, o Conselho de Segurança) aprovou uma medida para acabar com os problemas.

Na teoria, a medida apenas serve para proteger a população líbia, porém na prática ela permite que forças militares internacionais operem em território líbio sem muitas restrições. Com a promulgação dessa resolução, uma força especial foi criada. Liderada por França, Estados Unidos e Grã-Bretanha, ela já está atuando em território líbio.

O objetivo alegado da coalizão é apenas estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o país, e dificultar a ação das tropas pró-Kadafi, obrigando o ditator a renunciar. O grande problema é que a Líbia possui muitos sistemas de defesa anti-aérea, o que dificulta a ação militar. Helicópteros e caças das forças da coalizão já conseguiram destruir boa parte dos sistemas de defesa de Kadafi, e estão impondo a zona de exclusão aérea de maneira quase efetiva.

Um oficial estadunidense afirmou esta manhã que as tropas do governo ainda têm a capacidade de atacar os opositores, e é por isso que aeronaves e navios internacionais continuam patrulhando o país, e ao mínimo sinal de ameaça ou ataque à civis as mesmas abrem fogo contra os soldados defensores do regime ditatorial.

Em adição ao suporte aos civis, navios americanos e britânicos lançam mísseis de cruzeiro Tomahawk contra novas bases militares líbias a medida que elas aparecem (20 dos 22 alvos inicialmente determinados foram atingidos de maneira efetiva). Além disso, o Catar cedeu aviões para monitorar o espaço aéreo da nação, e assim permitir um maior apoio das forças no meio terrestre.

A TV estatal líbia mostra imagens de 18 civis que teriam sido mortos pelos mísseis ocidentais, enquanto os comandos militares dos países envolvidos na operação negam quaisquer vítimas dos ataques. Ainda afirmam que a guerra travada por Kadafi já deixou mais de trezentos mil desabrigados, além de centenas de mortos.

Reflexos em torno do mundo

A guerra no país não somente afeta ao mesmo como afeta todo o mundo. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama é altamente criticado por permitir a participação dos EUA na operação militar sem ter primeiro feito uma avaliação dos custos da batalha e da maneira de acabá-la.

Nos bastidores há controvérsias relacionadas à participação da OTAN (organismo militar ocidental) na bataha. Uma reunião entre os 28 países que fazem parte dela está programada para hoje. Lá será discutido qual será a missão do organismo. Enquanto os EUA preferem não usar a estrutura da organização, a França insiste em entregar o comando da operação para a mesma.

A Alemanha, apesar de ser a favor da intervenção internacional, decidiu não participar da missão, e com isso retirou todos os seus navios próximos à região em conflito. O Brasil se absteve na votação da resolução no Conselho de Segurança, por achar que a paz nunca pode ser encontrada por uma guerra, em um discurso da embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti.

Os países da Liga Árabe (exceção do Catar) também decidiram não se envolver no conflito, contrariando a opinião da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que informou esperar a participação de mais países árabes na missão.