Consequêcias da morte de Kim Jong-il

19/12/2011 - Thiago Bittencourt

(Créditos: Reprodução CNN)

Durante anos, os principais Chefes de Estado dos países asiáticos se preocuparam com a instabilidade na Coreia do Norte, nação isolada da ordem mundial contemporânea desde o governo do falecido Kim II-sung. A partir da morte do atual líder supremo, Kim Jong-il organizou o país em volta da personalidade de seu pai, reforçando o caráter centralizador e totalitário do Estado. Hoje Kim Jong-il morre, deixando receios por todo o globo.

Jong-il sofreu um ataque cardíaco durante uma viagem de trem, enquanto visitava diferentes pontos da Coreia do Norte a trabalho. Na madrugada desta segunda-feira, uma jornalista da emissora de TV estatal informou a morte do presidente em meio a muitas lágrimas. Nas horas consecutivas, centenas de norte-coreanos instituíram celebrações fúnebres, impulsionados pelo extremo culto ao líder incentivado na nação do Pacífico.

O corpo do ex-presidente será sepultado daqui há uma semana. Até a próxima segunda, diversas homenagens serão regidas no Palácio de Kumsusan, local que abrigará o corpo momentaneamente, junto com o cadáver de Kim II-sung. A expectativa é de que até o dia 29 sejam feitos cultos para agradecer Jong-il pelos seus feitos. As autoridades do país pretendem cultivar a imagem do antigo Chefe de Estado, para criar uma relação de adoração como a de seu pai, criador da Coreia do Norte.

(Créditos não encontrados)

Para a sucessão do falecido, o Partido dos Trabalhadores da Coreia (único partido político) anunciou o óbvio: O filho do ditador, Kim Jong Un, é o indivíduo mais preparado para o posto ocupado por seu pai durante 17 anos. Com a vacância do posto, Kim Yong-nam, entitulado Chefe de Assuntos Extremos, ordenou testes de mísseis das forças armadas. Segundo uma agência de notícias sul-coreana, o míssil testado caiu em uma região costeira na península da Coreia. O inesperado falecimento do ditador, e o seguinte reinício das atividades de testes de mísseis nucleares alertou os serviços de inteligência japoneses, chineses e sul-coreanos. Um oficial do serviço militar sul-coreano afirmou que um plano de emergência já está preparado para o caso de ataques do Norte, e que as autoridades militares do país já solicitaram ajuda para os Estados Unidos. O presidente americano Barack Obama falou esta manhã com Lee Myung-bak, presidente sul-coreano para debater a situação local.

(Créditos não encontrados)

Enquanto isso, a China já manifestou interesse em colaborar para o retorno da estabilidade política na Coreia do Norte. A comissão bélica do Partido dos Trabalhadores da Coreia anunciou que liderará um processo de reforço nas estruturas militares do país. Tal medida é justificada pelo medo de uma possível intervenção estrangeira, agora que todo o país se encontra enfraquecido. Por outro lado, oficiais das outras nações da região estão monitorando as atividades norte-coreanas, com receio de um ataque.

Bill Richardson, diplomata dos EUA, disse que a morte de Jong-il causará a maior onda de tensão na Ásia nos últimos anos. Ele acredita que tudo dependerá se a transição de poder acontecer de forma estável. Dessa forma, as nações ocidentais poderão continuar tentando se aproximar do isolado país por meio das negociações relativas ao programa nuclear norte-coreano e do envio de assistência humanitária, o que já acontecia durante o antigo governo.

Só resta esperar o desenrolar dos acontecimentos e torcer para que o fim do longo governo de Kim Jong-il não desencadeie uma série de ataques unilaterais, e com isso ponha a estabilidade da região em risco. Por conta dos fatos ocorridos hoje, as bolsas asiáticas fecharam com queda grave. Logo, é de se esperar o surgimento de crises econômicas, caso as recém-pacificadas nações da Península da Coreia entrem em guerra.