As revoluções industriais e a atual configuração da economia global

20/05/2011 - Thiago Bittencourt

Para a organização da economia global, pode-se descartar os períodos até a Idade Média, uma vez que tudo o que perdura até hoje foi baseado nos períodos anteriores à Idade Moderna. Importantes são os períodos Moderno e Contemporâneo.

Durante a Idade Moderna houve o nascimento do capitalismo, atrelado aos descobrimentos marítimos, que permitiram uma nova visão de mundo para os europeus. Isso também afetou outros campos do conhecimento humano, como as artes e a política.

Vigorou-se um sistema de governo classificado como “Estado Moderno”. Esse era o estado absolutista que intervinha na economia e se valia das práticas mercantilistas (entre elas, o pacto colonial e o protecionismo alfandegário). Com o tempo, inovações apareceram, e a Revolução Científica e a Primeira Revolução Industrial mostraram que o sistema absolutista estava para terminar.

É no contexto da 1ª Revolução Industrial que já se mostram as consequências do capitalismo. Com a divisão da sociedade em proletariado e burguesia já podia se prever que o futuro teria grande desigualdade entre os povos. O Iluminismo do século XVIII divulgou os ideais da Fisiocracia (escola de economia científica que era contra o mercantilismo) e do Liberalismo (conceitos de Adam Smith baseados em John Locke, filósofo inglês).

A revolução é chamada assim pois revolucionou o modo de viver de várias pessoas. A vida nos centros fabris era precária, e a economia ainda precisava de avanços.

Na segunda metade do século XIX, houve uma continuação do progresso da primeira revolução industrial, agora se valendo do petróleo como a matriz energética industrial. Era também o perídodo do Fordismo, idealizado por Henry Ford, que pregava a padronização da produção (o símbolo maior disto foi o automóvel Ford T, disponível somente na cor preta) e a especialização da mão-de-obra.

Outra grande caracterísitica da economia global na época era a “economia de aglomeração”. A ausência de interação entre os centros mundiais, seja pelo fraco avanço dos transportes ou das comunicações, impedia a aceleração do processo de globalização.

Com grandes estoques de produtos e a constante redução do ritmo de consumo dos produtos duráveis, teve-se uma crise de subconsumo em 1929, a qual se alastrou para outros países. A crise alterou os princípios capitalistas, abandonando o livre comércio em prol de um estado Keynesiano, o qual intervém na economia e cede benefícios à população para estimular o consumo. Foi planejado que o capital circularia de acordo com a obsolecência dos bens materiais.

O mais conhecido exemplo do Keynesianismo é o New Deal, pacote de medidas do governo americano para reestruturar sua economia. Haviam reformas de infraestrutura, que possibilitaram a industrialização dos EUA ao mesmo tempo que cediam empregos para a população poder consumir.

As sucessivas crises do petróleo, material indispensável à produção industrial, desestablizaram o sistema produtivo, levando à formulação do “Estado Mínimo”. Esse era o estado que não intervinha na economia até que se houvesse uma crise. A justificativa era a seguinte: Como o consumo era o establizador da economia, o Estado deveria mantê-lo para que a mesma não fosse prejudicada. Um exemplo mais recente é o pacote de ajudas do governo dos EUA à General Motors durante a crise de 2008.

A terceira revolução industrial, que permanece até hoje, significou o último passo para a consolidação da atual economia mundial. As evoluções nos meios técnico, científico e informacional permitiram a desconcentração espacial das indústrias, estabelecendo uma “economia de desaglomeração”.

Com a capacidade de comunicação e transporte que é acessível hoje em dia, as corporações procuram lugares para estabelecer suas filiais que sejam mais vantajosos para as mesmas. As empresas transnacionais (aquelas que atuam em diversos países, mas o lucro é remetido para seus países de origem) finalmente conseguiram alavancar, pois agora não há mais as limitações locacionais para o estabelecimento de seus complexos industriais.

A mais recente revolução industrial também significou o surgimento de uma nova Divisão Internacional do Trabalho. Antigamente os países periféricos eram apenas fornecedores de matérias-primas para os países centrais (que transformavam essa matéria em produto industrializado). Atualmente podemos ver, por exemplo, iPods que têm design feito na Califórnia sendo idealizados nos EUA porém fabricados na China, de onde voltam para as lojas americanas.

Isso permitiu a industrialização dos países periféricos, ainda que a alta tecnologia não seja lidada por eles. Outro exemplo bom são as indústrias maquilladoras, que servem como montadoras e embaladoras dos produtos tecnológicos vendidos por empresas americanas. Veja que estes países não pensam no produto ou na produção, mas sim apenas executam a fabricação (um claro ideal Taylorista).

O atual cenário da economia global é marcado por interação entre os diferentes centros econômicos. A área de atuação das grandes empresas extrapola os limites fronteiriços de cada país. Isso é bom até certo ponto, pois se uma crise econômica ocorrer em um país de relevância global, todo o sistema mundial será afetado.