A tragédia em Santa Maria (RS)

27/01/2013 - Thiago Bittencourt

(Créditos: Reprodução Boate Kiss)

Hoje é um dia de luto, que ficará infinitamente marcado na história dos habitantes de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Uma cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, com um IDH de 0,845 e um PIB anual equivalente a 3,46 bilhões de reais perdeu em poucos minutos mais de 200 dos seus cidadãos. Não houve uma onda de violência, uma catástrofe natural, sequer um atentado terrorista. Foram confirmadas até agora 233 mortes, causadas por fogo e fumaça dentro de uma boate.

A casa noturna Kiss recebia dezenas de estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em uma festa de integração que contava com efeitos pirotécnicos de uma banda. Pouco depois das 2 horas da madrugada, suspeita-se que uma faísca tenha saído do equipamento utilizado pelos músicos e entrado em contato com o teto, causando o incêndio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a maioria das fatalidades ocorreram devido à intensa fumaça que o fogo ocasionou.

A tragédia ainda teve elementos ainda mais alarmantes. Após a chegada das equipes investigativas dos Bombeiros e da Polícia, soube-se que o alvará de funcionamento da discoteca estava vencido. Adicionalmente, foi espalhado um rumor de que os seguranças do local tentaram impedir as pessoas de sair do complexo, claramente não sabendo dos motivos para a massiva tentativa de escape. Esse último rumor teve grande repercussão pela internet, e agora é inclusive abordado pela imprensa internacional.

As redes de televisão BBC e CNN, e os jornais The New York Times, El Mundo, Clarín, The Guardian e Le Figaro já lançaram artigos sobre o incêndio no RS. Segundo o portal UOL, o governo argentino enviará um estoque de pele para os hospitais de Santa Maria, para ajudar nas futuras intervenções médicas dos feridos pelo fogo. A presidente Dilma Rousseff retornou de sua viagem ao Chile e cancelou os compromissos diplomáticos posteriores.

(Créditos: Reprodução Le Figaro)

Em entrevista à Rádio Gaúcha, o guitarrista Rodrigo Martins, que se apresentava na boate, discordou da possibilidade do fogo ter sido causado pelos efeitos pirotécnicos. De acordo com ele, houveram testes antes da apresentação da banda, e o efeito já foi utilizado anteriormente em outros locais. O guitarrista afirmou que pode ter ocorrido um curto-circuito com os fios próximos à espuma de isolamento acústico da Kiss, que teria se incendiado e levado ao caos.

A equipe responsável pela investigação do fogo afirmou há poucos minutos que não consegue entrar em contato com nenhum dos responsáveis pela administração da boate irregular. Tal anúncio chega de forma surpreendente, uma vez que no final da tarde de Domingo o administrador da discoteca, Armando Neto, divulgou uma nota oficial se colocando “à disposição das autoridades”.

(Créditos: Reprodução Boate Kiss)

Está sendo realizado o velório das vítimas já identificadas no Ginásio de Santa Maria. No ginásio, familiares e conhecidos dos falecidos se reúnem, aguardando os diversos caixões. A tragédia de hoje certamente levará à questionamentos sobre a segurança de locais que lidam com vastas aglomerações de pessoas. Além disso, é provável que hajam futuros desenvolvimentos na descoberta das verdadeiras circunstâncias do incêndio. O Atualizado continuará cobrindo este assunto, e poderá publicar um outro artigo no futuro caso seja necessário.