A guerra digital

17/08/2011 - Thiago Bittencourt

(Créditos: Reprodução Google)

Conflitos entre grupos étnicos, nações, religiões e outros foram sempre parte da evolução humana. Na verdade, é dito que esses conflitos são responsáveis por movimentar a História. Já houveram guerras baseadas em espadas, em arco e flecha, em armas de fogo e até mesmo em bombas nucleares. Agora se estabelece mais um tipo de conflito, o virtual.

Com as constantes melhorias que a Internet sofreu nas últimas duas décadas, cada país foi capaz de criar imensas sub-redes governamentais. Sites de acesso estritamente restrito, arquivadores de documentos sensíveis à segurança nacional. No Brasil, temos as redes do Imposto de Renda e do INFOSEG (banco de dados da Segurança Pública).

Obviamente, tais aplicações destinadas à administração ou à segurança de cada nação são devidamente protegidas. Entretanto, nem sempre a proteção é suficiente para que a rede resista a um ataque externo. Então porquê confiar milhões de dólares em aprimoramento de firewalls e outras barreiras virtuais se a proteção continua a ter brechas ?

Sem dúvida, o custo de desenvolver uma outra rede mundial (para cada país) que substitua a Internet é mais elevado. Os sistemas de satélite, muito utilizados nos Estados Unidos, são uma alternativa. O problema é que o o uso do satélite é caro e o equipamento é frágil. Um problema no mesmo desligaria todas as comunicações de uma nação.

Os conhecimentos mais elevados em computação estão disponíveis em qualquer boa faculdade, como o MIT e a UFRJ. Da mesma forma que o ensino superior forma profissionais qualificados para atuar junto aos governos na luta digital, o mesmo também ensina aos hackers sua ferramenta de trabalho.

Uma das partes mais difíceis da defesa de ataques é o rastreamento dos mesmos. Com isso, países inimigos podem se esconder pela barreira do anonimato. Assim, serviços de inteligência podem coletar informações sem serem descobertos. Algumas dessas tecnologias já estão inclusive disponíveis para o público em geral, como o cracker de senha Brutus.

E não somente governos estão engajados nessa guerra, como também grandes corporações. O Google, a AOL, a Nintendo, a PBS (rede de televisão americana)e a Sony já tiveram problemas no mundo virtual. No caso da Sony, a PlayStation Network (rede de jogos onlines) ficou inativa por semanas e milhões de códigos de compra na PlayStation Store (usados para adquirir jogos, filmes, músicas…) foram divulgados.

Grupos ideológicos como o LulzSec e o Anonymus atacam alvos de interesse, como o PayPal (numa represália ao bloqueio das contas do WikiLeaks, o site divulgador de documentos secretos). A Al-Qaeda (agora comandada por um pediatra egípcio com a morte de Bin Laden) esconde planos terroristas como Easter Eggs (informações ocultas em arquivo) em sites de pornografia.

Cada vez mais a Internet vem se tornando palco de conflitos que criam crises no mundo real. A maioria das nações tem suas economias baseadas na rede, e um eventual colapso da mesma pode levar a sérios prejuízos militares e econômicos. Com sorte, a imensa maioria dos formandos em áreas da computação irá virar um aliado de cada governo na defesa das redes nacionais. Assim, não haverá espaço para o desenvolvimento dessa guerra que já existe.